Como tudo começou : Turma da Mônica
Ela tinha
apenas dois anos e andava para lá e para cá pela casa agarrada ao seu coelho de
pelúcia (amarelo) quando seu pai, o desenhista Mauricio – que estava tentando
criar figuras femininas para suas tiras de jornal -, se inspirou nela, criando
a personagem de quadrinhos mais conhecida do Brasil. Mônica, a personagem,
completa 50 anos no ano que vem. E Mônica Sousa, a filha do Mauricio e hoje
diretora comercial da Mauricio de Sousa Produções, falou ao CORREIO sobre seu
“relacionamento” com a versão de papel e adiantou alguma coisa do que virá no
ano do cinquentenário.
Em 1963,
Mauricio de Sousa estava em plena ascenção como quadrinista, mas foi alertado
para o fato de que, em suas tiras, não havia personagens femininas. A solução,
ele encontrou dentro de casa, inspirando-se nas filhas e suas personalidades:
Magali, Mônica e, a mais velha, Mariângela (que virou a Maria Cebolinha, irmã
do Cebolinha).
Com dois
anos ela, claro, não tinha a menor ideia do que viria pela frente. Ela começou
a se dar conta de que tinha virado uma personagem de HQ na escola. “Nas
reuniões de pais e mestres as pessoas reconheciam o meu pai, mas eu não
entendia a proporção daquilo”, conta. “Comecei a entender quando comecei a
frequentar programas de televisão com meu pai”.
Na época
em que inspirou o personagem, com seu coelhinho original (amarelo!). (foto:
Arquivo pessoal/ divulgação MSP)
Mas se a
Mônica dos quadrinhos não aguenta ser chamada de “baixinha, gorducha e
dentuça”, é de se esperar que a de verdade também se irritasse com as
infalíveis brincadeiras dos amiguinhos ao ser comparada com a personagem.
“Chegou uma fase pré-adolescente em que eu não gostava muito, não”, confessa,
rindo. “Mas eu tenho um relacionamento muito bom com a personagem”.
Mônica
Sousa, hoje com 51 anos, começou a trabalhar nas empresas do pai como vendedora
em uma das antigas Lojinhas da Mônica. “Comecei na Lojinha da Mônica da
Paulista com a Augusta, como vendedora”, conta. “Éramos eu, a Magali e a
Mariângela. Eu fazia faculdade de Desenho Industrial, na época, mas apaixonei
pela área comercial”. Ela se tornou assistente de gerente e, de lá, foi para a
Mauricio de Sousa Produções como gerente comercial.
“Fui
gerente de produtos por mais de dez anos”, completa. Ela atendia o segmento de
alimentos, um dos vários em que a marca da Turma da Mônica aparece estampada em
produtos – uma ação de merchadising extremamente bem realizada por Mauricio de
Sousa já desde os anos 1960 e que, em uma via de mão dupla, ajudou a
popularizar ainda mais os personagens. Agora, Mônica está há 11 anos na direção
comercial e licenciamento da empresa. “É muito fácil trabalhar em uma empresa
em que você acredita no que está fazendo”, afirma, lembrando a filosofia para a
aprovação dessas parcerias: “Produtos que nós daríamos para os nossos filhos”.
O
primeiro coelho, amarelo, presente da madrinha, não existe mais. Mas o segundo,
azul, sim. “Ele tá bem acabadinho”, diz ela. “E o amarelo vai ser relançado no
ano que vem”. É só uma das muitas ações já planejadas para o cinquentenário da
Mônica.
Ela não
gostava muito de ser comparada à personagem na pré-adolescência. “Mas temos um
bom relacionamento”, diz. (foto: Marcela Beltrão/ Divulgação MSP)
Produtos
clássicos voltarão às lojas: a primeira boneca da Mônica, de vinil, lançada
pela Troll nos anos 1970, a Estrelinha Mágica lançada pela Tec Toy na esteira
do filme de 1988. “Também tem uma boneca da Mônica que trocava o rostinho”,
adiciona ela. “Sairão quatro livrões. Um deles, com todas as capas de
aniversário até agora – todas as vezes em que ela fez sete anos. E estamos
pensando em um com ilustradores internacionais”. E ela continua: “Vai ter uma
exposição no MuBE, em maio”, adianta Mônica, referindo-se ao Museu Brasileiro
da Escultura, em São Paulo – onde também aconteceu a exposição dos 50 anos de
quadrinhos de Maurício de Sousa, em 2009. “Além de atividades nas redes sociais”.
É a
preparação de um aniversário e tanto. De certa forma, não deixa de ser mais um
aniversário também para a Mônica de verdade. “Acho que foi um presente que
ganhei ter sido a filha inspiradora da personagem. Eu só tive sorte do meu pai
fazer esse desenho”.
Obs:
Entrevista
com a Mônica:
Sua reação era dar coelhada nos amigos da escola?
Eu ficava brava, mas não batia neles. Mas, com as minhas irmãs em casa, eu era mais parecida com a Mônica personagem. Eu dava mesmo!
Com qual irmã brigava mais?
Com a Mariângela, a mais velha. Era quase todo dia. Com a Magali eu quase não brigava.
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