domingo, 15 de setembro de 2013

Zé Carioca

Zé Carioca - Um Personagem Brasileiro
 



Em dezembro de 1933, durante a Conferência Panamericana de Montevideo, o governo dos Estados Unidos lançou uma iniciativa política, através de seu presidente na época, Franklin Delano Roosevelt, entre 1933 a 1945, dando início a um período de aproximação das relações políticas entre os Estados Unidos e os países da América Latina. Depois do encerramento da Segunda Guerra Mundial o programa teve prosseguimento através de Harry Truman, que assumiu o mandato presidencial.

 

Essa politica basicamente consistia de um esforço de aproximação cultural entre os Estados Unidos e a América Latina, em troca de apoio a política norte-americana, que ficou conhecida por "Política da Boa vizinhança” ou "Good Neigbor Policy", com a intenção de afastar as influências comunistas e fascistas no continente americano.




. entro deste espirito no início da década de 40, os estúdios Walt Disney resolveu fazer uma turnê pela América Latina, tendo Walt Disney como uma espécie de embaixador não oficial dessa conquista de simpatia da América Latina, e como ele havia criado o galo Panchito para agradar os mexicanos, também resolveu criar um personagem tipicamente brasileiro em sinal de sua simpatia. 






Jose do Patrocinio Oliveira e Walt Disney

Coincidentemente por essa mesma época, Disney durante a visita ao Brasil conheceu o cartunista J. Carlos que havia feito um papagaio abraçando o Pato Donald. Ao ver esse papagaio Disney teve a ideia da criação do Zé Carioca, um papagaio que ganhou uma gravata borboleta, chapéu de malandro, um guarda-chuva que ele usava como bengala e uma série de trejeitos da ginga e malandragem carioca, inspirado ao conhecer o violinista e cavaquinhista chamado José do Patrocínio Oliveira, também conhecido por Zezinho, que praticamente era o Zé Carioca em carne e osso.




José do Patrocinio Oliveira foi um grande músico que surgiu na década de 30, e acompanhou artistas importantes como Aurora e Carmem Miranda. No final dos anos 30 foi para os Estados Unidos e lá fez grande sucesso seguindo o rastro de Carmem Miranda, chegando a gravar três discos com Aurora, irmã de Carmem, e também passou a fazer parte do famoso grupo que acompanhou Carmem, o conhecido Bando da Lua.




Em 1942, foi convidado para atuar no cinema e participou do filme "Minha Secretária Brasileira", que tinha como estrela principal Carmem Miranda. Em seguida, além de dublar a voz do personagem Zé Carioca no filme "Alô, Amigos", também apareceu tocando as músicas "Na Baixa do Sapateiro" e "Os Quindins de Iaiá" de autoria de Ary Barroso.

  


Em 1944, voltou novamente a dar a voz ao Zé Carioca no filme "Você já foi a Bahia?", assim como apareceu tocando "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso e "Tico-Tico no Fubá", de autoria de Zequinha de Abreu. O músico Zezinho praticamente fez sua carreira nos Estados Unidos. Ele nasceu na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo no dia 11 de fevereiro de 1904 e morreu em Los Angeles, nos Estados Unidos , em 22 de dezembro de 1987.
 



O personagem do Zé Carioca não fez sucesso esperado nos Estados Unidos, mas no Brasil é conhecido até os dias de hoje e começou a aparecer nas histórias em quadrinhos em meados da década de 40, na revista O Globo Juvenil, que tinha como editor-chefe Roberto Marinho, e em julho de 1950, apareceu na capa do primeiro número da revista O Pato Donald desenhado pelo cartunista argentino Luis Destuet e publicada pela Editora Abril.
 



Nos anos 60, o Zé Carioca passou por uma estruturação e ganhou uma publicação própria. Mais tarde o personagem ele e outros personagens da Disney passaram por diversas outras estruturações dentro da Editora Abril, e alcançou seu auge entre os anos 70 a 90. No final da década de 90, o personagem do Zé Carioca e outros praticamente pararam de circular, quando a Editora Abril resolveu fechar as redações responsáveis pelas edições dos estúdios Disney no Brasil.




Em dezembro de 2001, foi publicada sua última história chamada "Só com Magia" e depois disso apareceu em algumas publicações especiais que foram lançadas esporadicamente, como a de 2003, em comemoração aos 60 anos da criação do Zé Carioca e a edição "Zé Carioca Férias" com início em dezembro de 2008, contendo até o momento cerca de apenas três edições, pela Editora Abril.




As histórias do Zé Carioca envolvem na maioria das vezes, a Vila Xurupita, no Morro do Papagaio onde ele mora e também contracena com seus amigos como Nestor, Pedrão, Afonsinho, Rosinha sua namorada, o Zé Galo seu rival que quer conquistar a Rosinha e o Morcego Verde, um super-herói encarnado pelo Zé Carioca, parodiando o Batman, entre outros.




O Zé Carioca é tipicamente um personagem com características brasileiras, que nasceu com uma estética cômica e como uma tentativa de homenagear a América Latina, entretanto com o passar do tempo ele passou a ser um papagaio muito divertido, festeiro, vagabundo, caloteiro, preguiçoso e detentor de uma lábia sem igual e com aquele "jeitinho brasileiro".




O personagem também faz parte de uma galeria da Disney pouco conhecido fora do Brasil e atualmente está entre mais um dos personagens dos estúdios Disney perdido em sua galeria, apesar de fazer uma aparição relâmpago em "Uma Cilada para Roger Rabbit" em 1988 e também em aparições recentes em alguns curtas-metragens apresentadas no pavilhão mexicano da Disneylândia, ao ado de Donald e Panchito.


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