quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Como é trabalhar na Disney, segundo um ex-funcionário

Como é trabalhar na Disney, segundo um ex-funcionário


Para quem ama a turma do Mickey Mouse, trabalhar nos parques da Disney pode parecer um sonho. Mas o ambiente de encantamento, oferecido aos turistas, não é necessariamente o mesmo experimentado pelos encarregados de receber os visitantes.


Um artigo publicado pelo jornalista Matt Meltzer no site Thrillist desmistifca relata o dia a dia de trabalho nos parques da empresa. O editor trabalhou por seis anos no Wall Disney World em Orlando (EUA) e afirma que acumulou experiências positivas e negativas.

"Trabalhar em um parque da Disney é uma grande surpresa. Eu fiz de tudo, desde ajudar em linhas de atração, tirar fotos de convidados do parque com personagens fantasiados, até ser, de fato, um deles", afirma ele. 

Confira alguns pontos abordados pelo jornalista em seu artigo:

Ilusão da Disney

Segundo Meltzer, a regra mais importante da Disney é manter viva a magia da marca. "Ainda que existam dez personagens do Mickey andando pelo parque ao mesmo tempo, todos devem responder que apenas um Mickey mora lá", exemplifica ele. O elenco também é proibido de dizer que está "fantasiado". O funcionário tem de "ser" o personagem.


Doutrinação da marca

Quando um funcionário é contratado pela Disney, tem de passar por um curso de "doutrinação" da marca. Basicamente, ele aprende toda a história do fundador, da empresa, dos parques e entende melhor o sentimento que a palavra Disney trasmite às pessoas e, principalmente, às crianças. 

"Como uma princesa, você é encorajada a sonhar com sua transformação de vida. Mas, na verdade, o profissional praticamente abdica de sua verdadeira identidade, concordando em trabalhar quando e por quanto tempo a Disney quiser", afirma o editor da Thrillist.

Exigência máxima


"Quando você ganha US$ 8 (R$ 32,5) por hora, 40 horas semanais não pagam as contas. Então, trabalhamos em turnos de 10 a 18 horas, para fazer horas extras. Se a gente trabalhar o dobro do tempo, ganha o dobro do salário. Então, competíamos para trabalhar em turnos de 20 horas."

De acordo com Meltzer, a maioria das pessoas que ele conhecia era viciado em trabalho e se inscrevia para todas as horas extras permitidas. "Os funcionários podiam trabalhar 80 horas por semana (11 por dia), que adorariam", recorda.

Festas extravagantes

Como a equipe trabalha muito, festeja muito para compensar o estresse. O jornalista da Thrillist afirma que por motivos pessoais não participou da maioria das festas, mas como seu círculo pessoal de amigos era pequeno, houve relacionamentos entre basicamente todos os integrantes. "Foi o local de trabalho mais incestuoso de que já fiz parte."

Diferença salarial


Na época em que Meltzer trabalhou na Disney, personagens que não vestiam fantasias no rosto, como princesas e príncipes, ganhavam US$ 3 (R$ 12) a mais do que os "peludos", como a Fera de "A Bela e a Fera". O motivo é que eles podem falar e, por este motivo, têm trabalho extra.

"Secretamente, também queríamos ser eles [sem máscaras]. Foi uma rivalidade feroz, tanto que todos nós esquecemos que estávamos mal conseguindo o salário mínimo", recorda.


Colegas de trabalho viram família

Na avaliação do jornalista, um dos maiores benefícios de todo o esforço e excesso de trabalho são os amigos conquistados durante o período de serviço.


"Ou você se torna um recluso ou se liga à equipe em um nível pessoal. Eles [colegas de trabalho] se tornam uma família. Fiz alguns amigos próximos em cada departamento em que trabalhei, e continuo a manter contato com eles", diz.

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