A Disneylândia é tradicionalmente vista como um reino encantado, mas as aparências enganam. Numa entrevista ao site Yahoo! esta semana, a herdeira do império Disney, Abigail Disney, contou que teve uma surpresa desagradável ao decidir visitar o parque na Califórnia disfarçada e conversar com os trabalhadores.
Abigail, que é cineasta e ativista, relatou ter ficado chocada com as condições terríveis de trabalho no local. Por trás dos sorrisos, cada um dos empregados lhe passou a mesma mensagem: "Não sei como consigo manter essa expressão alegre e calorosa quando, ao chegar em casa, preciso procurar por comida nas latas de lixo de outras pessoas".
Após a visita, Abigail disse ter ficado furiosa com o desrespeito aos funcionários e afirmou que o diretor executivo da Walt Disney Company, Bob Iger, precisa acabar com a colossal diferença entre seu salário e o do trabalhador comum na empresa.
"Ele precisa entender que também é um empregado, tanto quanto as pessoas que varrem a calçada no parque", desabafou. "Elas merecem a mesma dignidade e direitos humanos que ele", afirmou Abigail, que disse ter enviado um e-mail a Iger, mas não obteve resposta.
Iger recebeu US$ 66 milhões em 2018. O salário médio de um empregado da Disney é US$ 46 mil por ano.
Em comunciado à CNN, a empresa respondeu às críticas da herdeira afirmando que os salários que paga aos funcionários estão acima do salário mínimo federal exigido por lei. E oferece o programa Disney Aspire, que financia estudos em nível médio ou universitário.
"Você é um ótimo diretor executivo, talvez o maior do pais agora", escreveu Abigal a Iger no e-mail. "Se eu fosse você, ia querer um legado melhor que este".
Em maio, Abigail discursou sobre a desigualdade no trabalho no Congresso americano.
— Precisamos mudar a maneira como entendemos e praticamos o capitalismo. As empresas deveriam dar retorno do investimento aos acionistas sem sem pisotear a dignidade e os direitos de seus empregados — afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário